Fim do Mundo


Não sei quem foi a inteligência rara que se lembrou de pegar numa profecia Maia e resolveu dizer em alto e bom som, que lá pra 2012 é o fim do mundo. Bom, pegaram num povinho que tem um calendário mais longo que o nosso, o Gregoriano, já de si uma bagunça que só visto, resolvem de uma hora pra outra que adaptam-se perfeitamente um no outro e o Mundo se acaba ano que vem.

Dado que em questões bíblicas os últimos anos tem se pontuado por um reflexo das predições focadas pelo apóstolo João, com guerras em paletes, doença com fartura, fome de cão, cataclismos mil e me pergunto... abrem-se os portões e saem cá pra fora os Quatro Cavaleiros do Apocalipse... e aí?


Imaginem, os quatro imponentes cavaleiros aparecerem, envoltos em brumas e escuridão... um piado de coruja acolá...e dão de caras com uma portagem numa das muitas Scutvias...azar...

"Ó Morte... tens praí uns 10€ pra pagar a portagem?" pergunta a Fome 

"Ouve lá Fome, então tu não tens dinheiro? Então e o Subsídio de Reinserção Social já acabou?" responde a Morte com maus bofes...

"Tás a gozar  Morte...115€ dão pra quê?? Ando a bolachas Maria e chá o mês todo e achas que sobra alguma coisa?? ACHAS QUE SOU A FOME PORQUE???

A Morte resignada, olha então para a Peste em cima do cavalo esquálido, com os bolsos cheios de lenços de papel usados, cachecol ao pescoço, nariz pingão e olhar febril...

"Peste...tens 10€ pra portagem?"

A Peste levantou a cabeça e ficou de olhar espantado.... olhando para a Morte como se não tivesse ouvido bem...

"Olha lá... andas nos copos ou o quê?... Então não sabes que passei 9 horas nas Urgências daquele Hospital Público, paguei a taxa moderadora, o filho da mãe do médico não ligou puto ao que disse e me passou uma catrefada de medicamentos não comparticipados??? Tou liso...e sem saco pra pedinchices..."

"Mau, mau..." disse a Morte "Então como vamos passar a portagem?? Não sabem que o chefe nos disse que temos que hoje mesmo entrar no país??"

A Peste, com olhar vingativo dirigido à Guerra, solta entre-dentes, mesmo com a voz fanhosa, a boca que andava guardada desde o mês passado...

"Se o Sr. Atitude aí, não tivesse sido mal educado com o Secretário Pessoal do nosso Chefe, tínhamos agora uma Via Verde e já o problema estaria resolvido... mas não, o Sr Guerra tinha que andar a pegar com o rapaz..."

A Guerra, com o uniforme remendado, sem outra arma senão uma espada carcomida pelo tempo, levantou a viseira do elmo e olhou de frente pra Peste que se assoava ruidosamente em mais um lenço de papel...

"Olha lá ranhoso... queres passar mais umas 9 horas nas Urgências com mais do que uma gripe? Que tal uma tola aberta, uma perna partida??Olha que deixas de ter o nariz entupido porque consigo embuti-lo no teu cérebro"

A Fome ia dizer qualquer coisa, levantou o braço... mas rodou os olhos e caiu do cavalo batendo de costas no chão e levantando pó...

A Morte já sem paciência, salta para o chão, ajuda o colega a se erguer...

"Obrigado Morte, foi só uma tontura" disse com voz sumida...

"É falta de açúcar no sangue..." disse sem pensar a Peste

A Morte já no limite da paciência, olha pra Peste e pensa na falta de sensibilidade do colega...

"Fome, ias dizer o quê afinal?" disse a Morte

Engolindo em seco e tentando novamente montar no cavalo a Fome diz:

"Porque não telefonamos ao Chefe?? Ele poderia resolver o assunto..."

"Eu devolvi o meu telemóvel, afinal, o que são 15€ por mês de saldo?? Uma pessoa não consegue trabalhar assim nestas condições!!" disse a Guerra

"O meu roubaram na sala de espera do Hospital..." disse a Peste

A Morte então suspirou e pegou no seu próprio telemóvel, sabendo que a Fome tinha vendido o dela para comer mais do que bolachas Maria, e olhou para os companheiros:

"Não acham que o Chefe há de achar mal incomoda-lo a estas horas??"

"Mas que raio.. então como quer ele que façamos o nosso trabalho? Sem condições, a Recibos Verdes... tou aqui e vou pro Irão..." disse a Guerra

Um pouco desconfortável, a Morte liga então ao Chefe para expor a situação...

"Tou sim?? Senhor Engenheiro??? Boa Noite... é a Morte...sim pois, um dos Quatro...sei, peço desculpas...ah é?? Uma manifestação de jovens?? Aborreceu-o? Pois é chato...ahh sim, está a jantar com apoiantes, pois claro...chateado, pois claro, com toda a razão...amanhã????? Só pode falar connosco amanhã?? Sei, sei... ok Sr. Engenheiro...Boa Noite."

Os Quatro cavaleiros do Apocalipse olharam-se mais ou menos em silencio, porque a Peste tossia sem parar, e adivinhando que dali não sairiam, resolveram juntar as moedas que sobravam, deram meia volta, voltaram para a fronteira espanhola e entraram no primeiro McDonald que encontraram e comeram as promoções de 1€ cada...

Quem precisa de Quatro Cavaleiros do Apocalipse, Fim do Mundo Maia... se a gente tem o Engenheiro??

Apareçam

Rakel.

P.S - A alegoria acima descrita não é mais do que o puro uso da minha imaginação em momentos de ócio...

Comentários

  1. Amiga,
    Há muito tempo que não me ria tanto a olhar para o computador.

    Agora vê lá, não venha o Engenheiro reclamar esta ideia como sua e dizer que só Ele é o antidoto para o fim do mundo, porque ao implementar todas estas "melhorias" já previa que só elas travariam estes "quatro senhores".

    Jinho

    Catekista

    ResponderEliminar
  2. Catekista...teus colegas pensam que andas maluquinha é?? Ainda bem que esta alegoria te fez rir,pois precisamos de motivos para isso.

    Da maneira que vejo, na verdade, os Quatro cavaleiros se colocasse os pés aqui fugiam a sete pés...mas gostei de escrever este post.
    ´
    Dêem-me um par de dias de descanso e a imaginação começa logo a funcionar..

    Bjos

    ResponderEliminar
  3. Amiga, eles não pensam!!!

    Eles têm a certeza já há muito tempo!!!

    Bj

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Estamos ouvindo