A Lei do Menor Esforço ou O Plágio Ideológico



Se eu disser o nome Elena Petresco.... diz alguma coisa??? Toca alguma campainha na memória??? E se eu falar em Elena Ceausescu?? Também não??? Então vamos falar de uma historinha muito interessante...

Elena Ceuasescu era mulher de Nicolae Ceausescu, ditador da Roménia e representante digno do Partido Comunista Soviético entre 1965 e 1989. A D. Elenea, chamemos assim pra facilitar, desde cedo demonstrou os seus dotes de calona: foi apanhada a copiar num exame de química e expulsa assim do mesmo. Não pôde acabar os estudos académicos, o que nem por isso atrapalhou a sua carreira. Alcançou títulos académicos da forma mais fácil de conseguir: comprando-os a boa maneira capitalista  :), esta entre outras grandes cavalices do antigo império comunista soviético, ficam como pérolas da política do século XX. Mas como dizia eu, a D. Elena conseguiu sem esforço, mais ou menos aquilo que o Tio Relvas tem vindo a conseguir (e achavam vocês que eu nunca ia tocar no assunto, né?), aquilo que chamamos de subir na vida sem esforço.

Tal como a antiga RDA (a tal da República Democrática, deixa-me rir, da Alemanha) a Roménia era um país fechado ao resto do mundo, vivendo um regime ditatorial da linha dura. Nada saía e toda informação que entrava era completamente controlada, não fosse o povo saber que democracia era uma coisa muito diferente do que até então se supunha. Aproveitando viver num Estado fechado e controlado na lei da rolha, a D. Elena, querendo ser mais do que, e passo a citar: "a camarada, doutora, engenheira e primeiro ministro da Roménia", decidiu pegar em livros e tratados científicos de autores fora da Roménia... e imprimi-los com o seu distinto nome no lugar. O que quer por isso traduzir-se que a senhora cometeu o crime de falsa ideologia, PLÁGIO, apropriou-se de obras de outros autores e fez delas suas obras e sem que ninguém pudesse fazer nada, pois tudo se passava dentro de portas.

Passemos agora ao hoje...

Como em todas as profissões e condições humanas, há gente boa e gente menos boa, há quem trabalhe e quem não faça nada por esforço. E quando toca no assunto de escrever e publicar, compor e editar... o assunto toma proporções maiores do que aquelas que se imaginam.
Este sonho de informação partilhada, que foi a justificação para a criação da internet, tem vindo a mostrar de forma sintomática do que é feita a humanidade. Há quem tenha os seus neurónios a trabalhar e façam de palavras e sons a sua mensagem de ser e estar no mundo... e há quem, sem a menor vergonha na cara, sem o mínimo pejo, pegue na criação dos outros e faça delas como fez D. Elena: copia e põe seu nome como autor/a da façanha. E chamam isso de ser "esperto". Ou pensam que ninguém dá por isso.

Antes de abrir aqui o Teorias, já tinha outros dois blogs, num deles, fui e ainda sou, várias vezes alertada por leitores assíduos, de que há outros blogs mais recentes a copiarem não só posts inteiros como a forma que escrevo. Poderia me sentir elogia se realmente copiassem o post e colocassem a fonte, caso que raramente acontece, mas não, pegam no que escrevi e se apossam das minhas palavras e opiniões e colocam como propriedade delas. Lamentável.
Já fui alertada uma vez sobre uma profissional da informação de um jornal online, fora daqui  do país, que  escreveu uma matéria baseando-se  num conjunto de 3 posts que fiz nesse mesmo blog. Obviamente tomei as devidas providencias. Não por ter colado, mas por não ter especificado as fontes. Moi.

Não é raro que dentro dos profissionais da informação, há os que se baseiam em "informações vindas de fonte segura" (que na maior parte das vezes surge de uma oposição ressabiada) e jogam cá pra fora boatos infundados... pelo simples facto de não levantar o cu da cadeira e ir à luta como se fazia nos bons velhos tempos de  pesquisa. Hoje com um telemóvel e um PC...ou um Smartphone, consegue-se conectar-se à toda informação que toda gente publica. Seja verdade ou não. E muitas vezes pra mostrar trabalho, faz-se uma ronda pelos vários blogs de opinião e tiram-se uma ideias mesmo catitas né?? É que é uma gaita, mas não acredito em tantas coincidências...



Não é raro também, que alguns colegas bloguistas, vejam seus espaços fechados, limitados e juridicamente processados por simplesmente darem a sua opinião pessoal. Isto vendo bem, ao estilo anti-democratico do estilo RDA e afins. Mas esses, raramente ou nunca são plagiados. O plágio ideológico feito na medida em que, uma pessoa que nunca alinhavou uma ideia, ou cogitou um pensamento pertinente na vida e depois publica um post que foge não só da maneira de ser e estar no mundo é no mínimo caricato. Porque seria interessante, quem sabe até pedagógico, colocar duas pessoas lado a lado em jeito de desafio. Um copiador nato ao lado de um criador nato e fazer que ambos, ao mesmo tempo, com as mesmas possibilidades e ao vivo e a cores, escrevam... deitem cá pra fora a sua opinião.

Infelizmente, o que impera nesta nova era tecnológica é a lei do menor esforço, o plágio puro e simples. Chamo de plágio, não de pirataria, pelo simples facto de que um pirata se apossa mas não muda o autor, nem o compositor, nem se adona de nada. Se está atrás do último CD dos Sonata Árctica, copia e pronto, nunca vai dizer que foi ele que compôs, tocou e cantou o CD todo. O plagiador adona-se de tudo, da criação em si e não tem a mínima vergonha na cara.

Assim se define a actual cultura: entre a lei do menor esforço, pra mostrar trabalho ou um brilhantismo no vocabulário e uma cultura geral que não tem... copiam. Na cara dura. Até ao dia que recebem uma notificação a serem avisados de que foram apanhados no acto e que tem consequências...
 E há pior... é quando dão por autor um desavisado e conhecido cidadão que sossegadamente vive a sua vida, mas que teve o azar de nascer com o dom da palavra: Arnaldo Jabor é exemplo disso, imensos textos e frases são atribuídos por este autor, sem que água vá ou venha...

Penso que, como tudo na vida, que por muito simples e minimalista seja um pensamento, quando é sincero e seu, tem mais valor do que dizer com um palavreado elaborado aquilo que, ao vivo e a cores, jamais seria capaz de dizer. A honestidade e autenticidade ainda tem valor neste mundo, nem que seja para si mesmo, que pensa que é mais fácil copiar, do que expor o seu lado em criação. Porque escrever é um exercício criativo, e muitas vezes exige disciplina...

Apareçam

Rakel.


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